sábado, 22 de janeiro de 2011

ESSES ARTISTAS...


               Pois é: estão os artistas aí, como sempre. Rebeldes, criativos, marginais, incansáveis e pobres, coitados; estelares, globais, exauridos de criatividade e, invejáveis, podres de ricos. Inusitada e proscrita, inexpressiva ou cooptada, a arte é o elo de ligação afetiva do artista com o público, que pouco sabe da existência de um elo mais forte entre a maioria absoluta dos “artistas” e a indústria cultural, ambos voltados para a rentabilidade do mercado onde o público é conhecido apenas como consumidor: é o império da mídia eletrônica. Império que, em detrimento da pluralidade e da originalidade da criação artística, arranca dos meios de comunicação os valores intrínsecos da cultura e aprimora máquinas e homens para intensificar um processos de massificação que induz a população ao consumo acrítico de seus produtos.
             É neste cenário que os artistas estão aí. Como sempre, inventando moda. Uns falam demais, outros de menos; uns criticam outros aplaudem - o certo e o errado; historicamente alguns se calam, omissos; outros foram calados à força. Em todos, vemos formadores de opinião, pois, se a arte comove o público como expressão da sensibilidade humana, seu criador desperta o senso crítico do indivíduo ao provocar-lhe reação por atingir a sua sensibilidade. Agora mesmo vemos artistas falando sobre ética, poder, política...
              Ontem, no programa Roda Viva, da TV Cultura(SP), transmitido pela Rede Pública de Televisão, estava o poeta Hermínio Bello de Carvalho dando uma lição de brasilidade, de sensibilidade e discernimento sobre a nossa cultura. Ouvi-lo falar é tão bom quanto escutar aquelas tantas canções que ele criou com seus parceiros. Vozes assim nos conduzem às páginas da história valorizando a tradição, nos fazem refletir sobre a realidade do cenário cultural e suas circunstâncias que nos enchem de apreensão, nos trazem a certeza de que a arte continuará a ser indispensável alimento da sensibilidade humana dando vida ao processo criativo.   
 Enfim, vozes como a de Hermínio Bello de Carvalho nos trazem a esperança, apesar dos pesares.
(2ª feira 9/4/07)

          (Texto que publiquei naquela 2ªfeira de abril de 2007, quando dava meus primeiros passos tentando criar um blog - papo do mutum - que pode ser acessado por quem quiser ver o pouco que andei escrevendo
 até esse reinício no papodomutum).

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