terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

TANTO TEMPO FAZ QUE NADA MUDA



      Aproveitei um tempo vago para ler um pouco da "HISTÓRIA DA INTELIGÊNCIA BRASILEIRA, de Wilson Martins,  vol. III,  referente ao período 1855-1877
onde encontrei poesias em que a prática política de hoje se assemelha bastante àquelas então objeto da crítica dos poetas. Copiei e alguns versos para o Papo do Mutum.


"...Quando ouvirei nas praças, ao vento das paixões,
Erguer-se retumbante a voz das multidões?"
            (Fagundes Varela - 1865)



"FORMAS DE GOVERNO
                       
Nenhum governo me serve,
Tenha o nome que tiver,
Se entre o povo, com desvelo,
Educação não houver;
Se imperar o patronato,
Se a corrupção se exercer;
Se não houver liberdade,
E também moralidade
Nas figuras do poder!
      
    Em conclusão:
Eu quisera ler nos fatos
a nossa Constituição".
       (Juvenal Galeno - 1865)






"SORTIMENTO DE GORRAS

Se o Governo do Império Brasileiro,
Faz coisas de espantar o mundo inteiro,
Transcendendo o Autor da geração,
O jumento transforma em sor Barão;
Se o estúpido matuto, apatetado,
Idolatra o papel de mascarado;
E fazendo-se o lorpa deputado,
N'Assembléia vai dar o seu - apolhado!
Não te espantes, ó Leitor, da novidade;
Pois tudo no Brasil é raridade!
            (Luís Gama)










"Leis, ou tortas, ou quebradas
Do arbítrio pelo bastão,
Mau sistema de eleição,
de juízes enxurradas,
Assembléias sempre inçadas
De gente néscia, ou servil
Barriguda ou pueril,
Febres cor de gema d'ovo
São pecados deste povo
São desgraças do Brasil

A maior desta desgraças
Vai de ninguém praticar,
Quando sobe a governar,
O que proclama nas praças
De um amor-próprio balofo:
Cada um para seu cofo
Só pescando com cuidado
Um catonismo afetado,
Um patriotismo fofo.

Sobre o vão patriotismo
Há outra caslamidade:
- Nos parvos muita vaidade,
Nos sábios muito egoísmo.
Levam-te, ó pátria, ao abismo
à corrupção que se atiça,
Dos estranhos a cobiça,
Que indústria e comércio aferra,
A ousadia - e dos da terra
Leis em parola, preguiça..."
           (Moniz  Barreto)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

LÁ COMO CÁ!

            Mantenho o hábito da leitura não apenas pela necessidade de me informar sobre tudo que ainda desconheço, mas também, ou preferencialmente, por significar uma das mais agradáveis possibilidades de lazer. Aprendi nas linhas e nas entrelinhas do conjunto das palavras escritas a distinção entre realidade e fantasia,  teoria e  prática, omissão e solidariedade, profusão e carência,condições inerentes à vida humana no relacionamento social.
            Assim, ao perceber que faltou o sinal de reticências na frase escolhida como a marca do novo governo brasileiro, que me pareceu incompleta, publiquei no Papo do Mutum há poucos dias  algumas sequências que poderiam contribuir para dar-lhe melhor sentido.
            Não há como passar ao largo de informações aparentemente sem qualquer importância para a vidinha pacata que desfrutamos nas cidades do interior, no meu caso Mutum-MG, se o que está em foco é:
            -  o deputado federal Romário jogando  bola na praia, no Rio de Janeiro, em horário de expediente parlamentar em Brasília;
            - um deputado federal cujo nome o eleitor desconhece, porque levou para a Câmara o pseudônimo de Tiririca, empossado porque comprovadamente alfabetizado, sendo da base aliada do governo, em sua primeira participação em votação plenária votar contra a proposta  do "seu" governo de aumento do salário mínimo para R$545,00 . Justificou-se depois o deputado, por cometer um equívoco. Claro que ele encontraria, como encontrou naquela votação e encontrará nas futuras, imensa dificuldade de manejar um complexo aparelho onde com certeza existem as palavras   SIM e NÃO e talvez uma terceira, ABSTENÇÃO,  para suas excelências registrarem seu voto no painel eletrônico. Aprendeu cedo o ilustre deputado a razão de terem eles tantos assessores. No seu caso, deveria  contratar  três, cabendo a cada um ocupar-se de levar o deputado Tiririca a apertar a tecla correta evitando a repetição de equívocos que poderiam comprometê-lo, não junto à Justiça Eleitoral, mas junto aos companheiros encarregados de governar o Brasil.
            Esses são apenas dois exemplos da mudanças que o país terá no Congresso Nacional com a eleições dos novos legisladores, pois dos que se perpetuaram como representantes do povo, o povo já cansou de esperar. Se quisermos mais exemplos desta disposição e competência para o trabalho legislativo, facilmente encontraremos em Brasília e nas casas legislativas  dos estados e municípios. Entre aqueles veteranos e esses novatos, fica o nosso desencanto com os legisladores. Lá como cá.  

domingo, 20 de fevereiro de 2011

ALGUMA POESIA: MINHA E DE GRANDES POETAS

       Gostar de ler me levou a gostar de escrever. Oswald de Andrade ensinou que "a poesia está nos fatos".  Quando tornou-se um extraordinário fato a queda do muro de Berlim, ponto culminante da libertação  de povos dominados pela força do poder e da ideologia, aquela constatação transformou-se em pequena poesia  Publicada em meu livro "Dádiva", é agora transcrita no Papo do Mutum em razão da sucessão de fatos a nos mostrar que os currais das ditaduras, uns após outros, vêm sendo destruidos destacadamente "no outro lado do mundo".Nos fatos recentes, a velha poesia está presente:


O ESTOURO DA BOIADA


Já não se prende o rebanho
Com arame farpado
Palavras de ordem
Confissões de pecado
Que de Leste a Oeste
Em nome da verdade
Tolheram dos homens a liberdade.






POESIA

Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda a minha vida inteira
          (Carlos Drummond de Andrade)



FLORES MURCHAS


Depois do nosso desejado enlace
Ela dizia, cheia de carinho,
Toda ternura a segredar baixinho:
- Deixa querido, que eu te beije a face!

Ah! se esta vida nunca mais passasse!
Só vejo rosas, sem um só espinho;
Que bela aurora surge em nosso ninho!
Que lindo sonho no peito nasce!

E hoje, a coitada, sem falar de amor,
Em vez daquele natural vigor,
Sofre do tempo o mais cruel carimbo.

E assim vivendo, de mazelas cheia,
Em vez de beijo, sempre me aperreia
          (Patativa do Assaré)
                                        


                                                                                                                                                                        


sábado, 19 de fevereiro de 2011

JUNTA GENTE E SAI FALANDO...


"Um governo que assume dando ordens ao Congresso Nacional traz consigo viés autoritário e isso não é bom para a democracia".
Senador Aécio Neves (PSDB-MG), sobre a votação do novo salário mínimo

Entre minhas leituras diárias está o Blog do Noblat, de onde transcrevo a frase acima e o comentário abaixo, feito por outro leitor do mesmo blog. Não estou aplaudindo o senador mineiro porque apenas disse o que é uma constatação a olhos nus de quem vive e sofre
num país vitimado pela ação deletéria dos políticos. Se eu pudesse me fazer ouvido, a voz seria de um brasileiro indignado a desafiar os políticos mineiros a cumprirem com dignidade, pela ação dependente apenas do compromisso moral de honrar o voto de seus eleitores, o mandato que lhes foi confiado, dando assim o exemplo de que não se curvaram e jamais se curvarão aos poderes da subserviência imposta por interesses escusos.
Quanto ao comentário do "Anarco", já disse aqui no Papo do Mutum e repito: seria ótimo se as pessoas saíssem do anonimato e se identificassem como cidadãos ao tornar públicas suas opiniões. Essa dele, por exemplo: eu assino embaixo.

Apelido: anarco - 19/2/2011 - 9:26

Um Congresso que obedece ordens do Planalto e está sempre sob a mira do Supremo precisa mesmo é de uma lavagem padrão expurgo.

Deixa de ser uma casa legislativa e se torna um amontoado de contraventores, em busca do seu ganho particular.

Deixa de ser um Poder e se torna um depósito de despreparados iletrados, que nem ao menos sabem o que estão fazendo ali.

O atual Congresso - como a maioria das Assembleias e a quase totalidade das Câmaras de cidades - não merece mais críticas.

Merece perda de mandatos, e que os atuais parlamentares procurem outra forma de ganhar a vida, sem ser com o avanço nos Tesouros Públicos.

Minha campanha continua:

MENOS REPRESENTANTES
MELHOR REPRESENTAÇÃO

Vou bater nessa tecla até a praga dos Três Tristes Poderes virar a Praça Tahrir de Braasília.

POR HOJE, FICO APENAS COM A FOTO E O LEMBRETE

Foi no dia 22 de janeiro que publiquei no Papo do Mutum a primeira foto da Maria Olívia. No texto eu dizia procurar sempre corrigir os meus erros para não comprometer o projeto de participar da construção de um mundo melhor para minha filha e para todos nós. Se aquela foi a primeira, outras virão em páginas futuras, na sequência da segunda foto que ilustra esse pequeno texto, que serve a mim mesmo como um lembrete: a omissão é também um erro,quando nos furtamos de manifestar a opinião que julgamos não apenas ser direito mas, sobretudo, dever do cidadão na busca do bem comum.
É isso aí. Por hoje, fico apenas com a foto e o lembrete. Para não ser omisso, voltarei sempre que julgar necessário, e por ter o direito de fazê-las publicamente, com minhas opiniões pessoais sobre a nossa vida em sociedade. É lógico que prefiro publicar minhas poesias, fotos de minha filha e de outras flores, porque flores há em Mutum.


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O ÚLTIMO GOL DE RONALDO


          Ele não chegou aos mil gols como Pelé. Mas, como Pelé,não permitiu que sua brilhante carreira de excepcional desportista registrasse nas páginas de história dofutebol mundial
a triste sequência de degraus da trajetória inversa do ápice da fama aos rarefeitos gramados de times de categorias inferiores onde, aliás, tradicionalmente inúmeros jovens são revelados e dali partem para encantar os torcedores dos grandes clubes.
            Nunca antes na história deste pais, ops!, nunca antes na história deste planeta houve tanta superação dos infortúnios de um desportista, nunca houve tão incrível recuperação de um jogador lesionado, nunca houve tão aguerrida determinação de um ser humano para não entregar-se ao desencanto do afastamento precoce dos campos onde foi artista fenomenal. Este foi o grande campeão, que protagonizou com sua arte
momentos gloriosos do meu querido Cruzeiro Esporte Clube, dos principais clubes europeus, da seleção brasileira e enfim, fez a opção de escolher um dos grandes clubes brasileiros para encerrar com brilhantismo sua invejável carreira(invejável sim, com certeza, por muitos "craques" que não conseguem dar a seus clubes o retorno em prestígio, fama, glória ao dinheiro neles investido). Esse time é o Coríntians e Ronaldo
com a camisa 9 contribuiu para que o prestígio, a fama e a glória voltassem aos tempos recentes do clube em que ele se despede do futebol.
              Hoje, em plena segunda-feira, ao calor da tarde que se iniciava somou-se o calor humano de dezenas de profissionais da imprensa mundial, com câmeras e microfones ávidos de documentarem a última atuação de Ronaldo como jogador profissional, e o que transmitiram para todo o mundo foi o verdadeiro gol de placa. Diferentemente de todas as partidas em que centenas de gols marcados tiveram companheiros de quipe a coadjuvá-lo, hoje Ronaldinho brilhou como o Sol, o AstroRei,
que, solitário, ao sentir o cansaço dos pés driblou a dor e enganou a todos ao transformar palavras e lágrimas incontidas no inesquecível gol de placa. O último gol de Ronaldo.


                        

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011





  . 

...
de caráter dos políticos
de ética de quem lida com a vida humana
de compostura dos agentes públicos
de moralidade de ações que dêem credibilidade ao serviço público
de obras de interesse social em reciprocidade à arrecadação de impostos
de ações comprometidas com a melhoria da qualidade de vida da população
de compromisso social sufocado pela ganância dos abastados donos do poder
de recursos  por malversações do erário e corrupções de toda espécie
de escola incapaz de qualidade de ensino que prepara os indivíduos para a cidadania
de saúde pública onde o SUS padece de tantos males enquanto os pacientes se desesperam
de justiça em que a lei se aplica por conveniência em detrimento da imparcialidade.
de segurança pública exortando a população da transformar carros, lares e lojas em búnqueres particulares
de perspectiva para adolescentes e jovens prontos para a marginalidade social.
de informações e experiências geradoras de enriquecimento cultural indispensável ao exercício da cidadania
da indignidade de quem usa o dinheiro para fazer distinção entre cidadãos.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

DESCULPE-ME XAULIM, É O QUE POSSO FAZER DAQUI DE MUTUM



Que bom, se vocês linkarem abaixo e, se puderem, se dispuserem  também a serem  doadores de medula, somando-se à corrente de pessoas solidárias ao menino Arthur e a todos os que esperam se beneficiar com o transplante necessário à recuperação da saúde e à esperança de continuarem vivos entre nós. Infelizmente, eu não posso ser doador, por ultrapassar o limite de idade. Sou apenas solidário com os que sofrem, como pacientes e como familiares.  

http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2011/01/29/interna_gerais,206645/batalha-de-menino-de-3-anos-por-transplante-de-medula-motiva-convocacao-de-voluntarios.shtml

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

FORÇA ARTHUR, VOCÊ VAI SAIR DESTA!



Arthur,com os pais Júlia e Guilherme: luta e mobilização que podem ajudar pacientes em todo o país (Renato Weil/EM/D.A Press )
      
          Impossibilitado de me colocar entre os voluntários à doação de que necessita o garotinho Arthur Morais, para transplante de medula, lamento profundamente estar acima do limite de idade para que a minha solidariedade se transforme em ato de doação capaz de alimentar a esperança de superação da doença LLA (Leucemia Linfóide Aguda)  dessa criança de apenas 3 anos de idade. Não conheço a mãe, Júlia, mas seu pai pai, Guilherme, conheci quando criança porque é filho de um casal de amigos inesquecíveis que não vejo há anos, Xaulim e Neuzinha.
            Não podendo me esquecer das horas e horas de tão agradável e proveitosa convivência nos momentos de lazer e do que fazer, nas residências, nos escritórios, nas cochias e nos bares, onde nos freqüentávamos enquanto  o Guilherme crescia, compartilho agora com eles o sofrimento pela doença do Arthur, que não conheço.  Espero que com a solidariedade de tantos doadores, a tenacidade dos pais e a competência dos profissionais que dele cuidam, Deus permita a sua plena recuperação para alegria de todos nós.
             Não nos esqueçamos  que há outros 37 doentes do mesmo mal em Minas Gerais. Quem sabe alguém desse grupo será beneficiado com o ato de solidariedade dos doadores que se mobilizam pela causa do Guilherme. Com esses pacientes e seus familiares compartilho a dor que sentem e a esperança de que a doença será vencida.