domingo, 20 de fevereiro de 2011

ALGUMA POESIA: MINHA E DE GRANDES POETAS

       Gostar de ler me levou a gostar de escrever. Oswald de Andrade ensinou que "a poesia está nos fatos".  Quando tornou-se um extraordinário fato a queda do muro de Berlim, ponto culminante da libertação  de povos dominados pela força do poder e da ideologia, aquela constatação transformou-se em pequena poesia  Publicada em meu livro "Dádiva", é agora transcrita no Papo do Mutum em razão da sucessão de fatos a nos mostrar que os currais das ditaduras, uns após outros, vêm sendo destruidos destacadamente "no outro lado do mundo".Nos fatos recentes, a velha poesia está presente:


O ESTOURO DA BOIADA


Já não se prende o rebanho
Com arame farpado
Palavras de ordem
Confissões de pecado
Que de Leste a Oeste
Em nome da verdade
Tolheram dos homens a liberdade.






POESIA

Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda a minha vida inteira
          (Carlos Drummond de Andrade)



FLORES MURCHAS


Depois do nosso desejado enlace
Ela dizia, cheia de carinho,
Toda ternura a segredar baixinho:
- Deixa querido, que eu te beije a face!

Ah! se esta vida nunca mais passasse!
Só vejo rosas, sem um só espinho;
Que bela aurora surge em nosso ninho!
Que lindo sonho no peito nasce!

E hoje, a coitada, sem falar de amor,
Em vez daquele natural vigor,
Sofre do tempo o mais cruel carimbo.

E assim vivendo, de mazelas cheia,
Em vez de beijo, sempre me aperreia
          (Patativa do Assaré)
                                        


                                                                                                                                                                        


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